domingo, 19 de abril de 2015

A hospitalidade dos piauienses é uma qualidade indiscutível. Quando se fala no Estado, lembra-se logo do resguardo natural das pessoas, independente de costumes e hábitos. Esse sentimento, de acolher cidadãos com tanto carinho e entusiasmo, é o que faz o Piauí ser diferente. Essas atribuições são todas confirmadas pelo taiwanês Syu-Jie Wang, que em apenas um mês no estado, já ganhou amigos, irmãos, pais e até um"nome" novo. "Nos abraçamos uns aos outros quando nos encontramos pela primeira vez. São muito amigáveis. Quando me encontro com algum problema, sempre me ajudam muito", conta.


Syu-Jie Wang, ou Caio, e sua família piauiense

Caio, como é chamado o jovem intercâmbista do Taiwan, veio alimentando o sonho de viver em um país diferente e aprender novos hábitos, e hoje ele mora com uma família tipicamente piauiense. O casal Diógenes Vitor da Silveira e Lívia Raquel da Costa Britto são seus novos pais, e com o espírito de transformar o jovem taiwanês em um autentico piauiense, já lhe ensinaram a mais legítima linguagem nordestina.



“Ave Maria mermã, nam! Oxente?! Diabe isso?!”, falou Caio, que ainda com dificuldade, já conversa e se diverte com as expressões, que tão comuns no Estado, se tornam totalmente incomuns ao soarem com um sotaque desconhecido. As pequenas frases pronunciadas pelo estrangeiro foram lidas em uma folha de papel, que o jovem fez questão de escrever, para aos poucos manter uma conversa divertida e carismática com os amigos.



A mexicana Dulce e sua amiga alemã Elise junto a família piauiense


Além do taiwanês, os mexicanos Daniel Barradas e Dulce e uma alemã Elise mantém a mesma vontade de conhecer diferentes culturas, e principalmente a piauiense. Esse sentimento é vivido pela família acolhedora do intercâmbista Daniel Barradas, que abriga pela terceira vez um ‘filho’ estrangeiro. “Eu acho totalmente válido abrir as portas da minha casa para uma nova cultura. Nós sentamos à mesa junto com Daniel, e ficamos querendo saber dele como é em sua casa, no México, essa reunião. A gente aprende com eles, e eles aprendem com a gente”, afirmou Susane Nery, a mãe piauiense do Mexicano Daniel Barradas.

Para Daniel, Lourival Ferreira Nery Junior e sua esposa, Susane Nery, já são seus pais. “Eu já estou aqui há quase dois meses e estou gostando muito do estado, é muito bom. A hospitalidade as pessoas, além da minha família acolhedora, é muito bom. São pessoas muito calorosas”, contou.

O jovem mexicano já fez amizade no colégio e com amigos da família. Com o pouco tempo no estado, Daniel já conheceu bastante a cidade, e até o litoral. “Ele já foi para as boates, para as festas que nós vamos, casamentos, aniversários. Já viajou até para Luiz Correia”, disse Susane Nery, tendo sua fala completada pelo Daniel, que afirmou ter gostado muito. “Muito bom, já fui duas vezes e vou de novo”, confirmou.


Mexicano Daniel Barradas

Daniel Barradas e Caio, chegaram à mesma época ao Estado, e juntos, estudam na mesma escola. Os dois fazem o 2ª ano do ensino médio. O ensino não é curricular, mas o conhecimento adquirido ficará por toda vida. Os jovens estão se adaptando bem a sala de aula, e já fizeram muitas amizades, eles são considerados as ‘sensações’ do colégio, que o diga Caio, o mais popular. “A galera do colégio só quer saber dele. Ele é o mais extrovertido e engraçado da sala, está fazendo amizades muito rápido”, confirmou o pai piauiense, Diógenes Silveira.



A rapidez é tanta, que até flores pra uma garota Caio já deu. A nova família acha graça do garoto, mas ele fez questão de explicar o motivo do presente. “Era aniversario da minha amiga”, afirmou. A cena foi toda filmada, e a tal amiga, demonstrou muita felicidade em receber o presente. Pelos poucos detalhes, já é fácil perceber o quanto o taiwanês e o mexicano estão de adaptando com o estado tão caloroso.




Apesar de tantas ações positivas, há aquelas negativas também. Não pode-se esquecer do clima tão quente não é? O Daniel afirma que no país dele, há calor também, mas não tanto. “Não me acostumei com o clima não (risos). É muito quente”, contou. Caio, em suas anotações, fez questão de incluir a pequena observação. “Com o estado tão próximo a linha do equador, sinto bastante o clima”, expressou da forma mais formal que o Google poderia traduzir.




Mas nem tudo foi perfeito nessa adaptação, Caio teve um grande susto ao ouvir pela primeira vez a sirene que anunciava o recreio na escola, em seu país natural, qualquer tipo de alarme quando acionado, é pra avisar sobre possíveis ataques, ou abalos sísmicos na região. O que é comum no Brasil é motivo para pânico em Taiwan.

“Ele se assustou muito quando escutou pela primeira vez campainha no colégio. Quando escutou ficou muito nervoso e assustado. Ele começou a gritar ‘What's happening?’ [o que está acontecendo, em português]. Mas um amigo que estava com ele na hora informou que era só um aviso pra começo de aula”, contou Diógenes Silveira.

Daniel Barradas e sua família piauiense


Sustos a parte, os intercâmbistas garantem estar muito felizes no Estado. Não só eles afirmam isso, como também os viajantes que já passaram pelo Piauí se mostram satisfeitos com o acolhimento. A prova disso é parte deles voltarem pra visitar suas famílias piauienses. “Nosso primeiro filho intercâmbista voltou este ano para a formatura da minha filha de sangue. Ela se formou agora em agosto e ele veio e passou 19 dias com a gente. Já veio querendo rever a gente”, afirmou dona Susane Nery, mãe do mexicano Daniel.

Com esse conjunto de atribuições, o taiwanês Syu-Jie Wang, ou melhor, o Caio, os mexicanos Daniel Barradas e Dulce e a alemã Elise, já integram o grupo de futuros cidadãos piauienses, e já prometem fazer parte também dos que irão voltar.


Piauienses fora do estado



Não só os estudantes estrangeiros, como também os alunos piauienses, têm interesses em comum que é conhecer as diferentes culturas que o mundo pode proporcionar.  Segundo Alan Sérvio, gerente da Embarque Educacional Turismo, uma média de 100 alunos saem todos os anos do Piauí em busca de uma aventura em outros 35 países.

De acordo com uma relação feita por Alan Sérvio, os países mais escolhidos pelos estudantes piauienses são os Estados Unidos, seguido pelo Canadá e pela Irlanda.


Dentre esses estudantes viajantes está Danilo Faria, que escolheu morar na Europa por quatro meses. Segundo ele, se habituar ao local foi difícil no começo, pois como ele afirma, os europeus são pessoas frias, e não mantêm o costume de se relacionar ativamente com outras culturas. O que prova o diferencial do estado do Piauí. Um estado hospitaleiro.

Danilo Farias durante sua temporada na Europa

“No começo não foi fácil me habituar com os moradores, pois na Irlanda país onde viveu durante o intercambio as pessoas são muito frias, além também de manter um sotaque muito carregado, o que dificultava a comunicação. O inglês que eu aprendi era mais americanizado”, contou Danilo.

Além de Danilo Faria, há também a estudante Isabela leite, que atualmente cursa medicina na Universidade Federal do Piauí (Ufpi), e há três meses finalizou uma viagem muito importante na sua vida: estudar inglês na Califórnia. 

Isabela Leite  prestigiando monumentos na Califórnia

Para ela, a viagem teve como maior interesse praticar o inglês e conhecer uma nova cultura. De acordo com Isabela Leite, as cinco semanas que passou fora, foram muito enriquecedoras para aumentar seu conhecimento, e seu principal objetivo foi alcançado. 

“Conhecer uma nova cultura foi maravilhoso. Claro que a gente estranha muita coisa, mas indo com a mente aberta para experimentar outros hábitos, da para ter uma experiência ótima”, confirmou Isabela Leite.

Outra estudante que viajou para ampliar os horizontes foi a Giovana Medeiros, que percorreu a Espanha por dois meses estudando e passeando. A piauiense afirma que apesar do pouco tempo, deu para aprender bem o idioma do país, e que a viagem foi muito proveitosa. 

Giovana Medeiros passeando pela Espanha e por Paris  

“Oito semanas é pouco tempo para poder se estudar um idioma, mas como o espanhol é muito parecido com nossa língua, deu para aprender bem”, contou a estudante.